quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Prefácio Por William Waack

    Não tem jeito: qualquer máquina que voa eu tenho — de olhar — e admirar —, e foi sempre assim também com o Globocop. A redação da TV Globo em São Paulo é uma espécie de nave espacial, com janelas fechadas que quase nunca permitem saber se é dia ou noite, se está chovendo ou não, o que está acontecendo lá fora. Várias vezes eu saí da redação quando ouvia o Globocop aproximando-se para pouso.
Só para ver a máquina voadora. Foi numa dessas ocasiões, numa dessas fugas do cotidiano (estressante e quase sempre repetitivo) da redação que encontrei o Comandante Dato saindo do Globocop. Desde criança eu queria ter sido piloto. Na minha vida inteira sempre dei um jeito de, ao viajar de avião, ir até o cockpit conversar com os pilotos. Na verdade, queria mesmo  era visitar o coração da máquina voadora, senti-la  através dos inúmeros instrumentos e monitores (hoje em dia, quase tudo reduzido a três telas coloridas), apreciar os manetes, as rodas de compensação, os pedais, o ar  que todo cockpit tem de “é ali que tudo se decide”.
Embora minha paixão primeira seja por aviões — asas fixas, como os pilotos de helicóptero gostam de dizer- também pelos asas rotativas, bate forte meu coração. Tivera como repórter uma breve experiência de pilotagem de um desses aparelhos maravilhosos, durante uma cobertura na Amazônia (não vou mencionar os detalhes para não deixar aquele piloto em má situação ...) e sempre fiquei muito admirado pela capacidade de pilotos de helicóptero de tomar conta de tanta coisa ao mesmo tempo.
Desde que passei a apresentar o Jornal da Globo, em 2005, tive pela primeira vez na vida um horário fixo de trabalho. Foi aí que decidi tirar a limpo minha paixão e trabalhar para obter a licença de piloto privado, o que acabei conseguindo no começo de 2007. Longe de matar a vontade, a licença só me deu vontade de voar mais, cada vez mais.
Faltando a experiência do dia a dia, o contato cotidiano com a máquina voadora, meu único jeito de conseguir mais conhecimento, de absorver um pouco do que os outros vivenciaram, era conversando com os verdadeiros profissionais e personagens do setor — gente como o Comandante Dato.
Ele foi de uma paciência ao tratar das questões que um amador como eu fazia incansavelmente. E percebi depressa no Dato esse aspecto tão característico de quem enxerga na aviação não apenas uma profissão, um modo de ganhar a vida, mas, sobretudo, um chamado. Há algo de indefinível e nebuloso na vontade de voar. Seria a sensação do movimento, do sobe e desce, das curvas, das inclinações? Acho que é pouco.
Voar traduz sempre a capacidade de controle, dedicação, autodisciplina, decisão — até um certo ponto, sem querer entrar em filosofia, voar traduz um desejo de tomar conta do próprio destino, algo que está na proa do avião. Aproando algo é uma frase sempre boa de dizer na fonia.
Você, leitor vai encontrar neste relato de uma longa vida dedicada à aviação mais do que a descrição de uma vocação. Vai encontrar a manifestação de um sonho e de uma vontade. É o que todo piloto de verdade sente quando está no ar, e os controles são dele. Dato tem muito a ensinar não só aos que, como eu, são malucos por máquinas voadoras. Ele tem uma história de vida que é  uma lição para todos nós. Apertem os cintos.

Abraços,
  William Waack

6 comentários:

  1. datão quero muito ler seu livro.
    abraço felipe

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  2. Nunca soube desse gosto por aviação de Wiliam Waack, um cara de ouro.

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  3. Comandante, vc teve oportunidade de voar com William Waack? ele me parece ser gente boa e é inteligentíssimo.
    forte abraço Michaél

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  4. Michaél , não tive a oportunidade de voar com ele mas fiquei sabendo que é um excelente aviador.E ele é sim um cara muito gente boa e de uma inteligência privilegiada.

    Abraço.

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