terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Depoimento do Cmte.Caputo


Meu nome é Diniz Caputo; sou piloto de helicópteros e tenho duas histórias do Dato, dentre tantas que achei interessante contar. Histórias que demonstram a simplicidade e o jeito descontraído desse que é um grande amigo, desde aquela época.
Ainda jovem, encantado com a aviação de helicópteros, fui ao Aeroporto Campo de Marte, aqui na Capital/SP,  mais precisamente na Escola Superior de Aviação- ESA, colher informações de como era o curso.
Fui bem recepcionado, e a pessoa que me atendeu,  após as explicações todas, disse que iria chamar o instrutor de voo para conversar comigo. Sentei-me na recepção e fiquei aguardando o instrutor. Eu esperava um cara todo sério, com paletó cheio de faixas e quepe, afinal, era uma escola superior. Estou lá eu viajando na minha imaginação quando a secretária da escola entra e me apresenta o instrutor de voo. Brochei na hora. O desencanto foi imediato. Que decepção. Fui apresentado ao Dato, que vestia uma calça jeans bastante surrada e uma camiseta Hering, com molho de macarrão no peito, pois ele havia acabado de chegar do almoço. Gaguejei, quase desisti, mas ele, na sua total descontração, foi deixando- me à vontade e já me levou ao helicóptero, apresentando-me a máquina. Pediu ao mecânico que removesse as portas e decolamos. Como começaram a surgir nuvens carregadas e não demorou muito para cair uma chuva, o Dato retornou comigo, e decolamos após o tempo melhorar. Fui aos poucos analisando aquela figura e descobri um cara de um coração enorme, que fazia do prazer de voar uma continuidade no seu modo de vida. Ou do seu modo de vida, uma continuidade no seu prazer de voar.
Alegre, brincalhão, passava-me as informações de um jeito que me foi cativando e deixando-me seguro. Conversando com o pessoal da escola, fiquei sabendo da alegria dos alunos em terem instrução com ele.
Certo tempo depois, já exercendo a profissão, estava eu com o helicóptero pousado no topo de uma ilha, em Angra dos Reis/ RJ, quando ouvi o barulho de um helicóptero aproximando-se, o qual sobrevoava o lugar onde eu estava pousado, mas não tinha como pousar, pois o espaço era restrito.
Vi o helicóptero contornar a ilha e, de repente, percebi que ele estava em aproximação. Eu ouvia, mas não via. Em seguida, escutei o corte do motor e então desci, abrindo caminho no meio do mato, até chegar ao local de onde eu percebi o barulho e ver uma coisa que me deixou intrigado.
O helicóptero estava pousado, com metade da fuselagem dentro do mato e metade fora, em cima da laje de uma obra que havia sido construída para proteger o gerador de energia da residência. O pessoal havia podado uns galhos logo acima da laje, e isso foi suficiente para o piloto embicar o helicóptero e efetuar o pouso.
Vi o desembarque do comandante e dei de cara com o Dato. Ficamos conversando um pouco e, quando ele foi decolar para retornar a São Paulo, teve de sair de ré, pois era impossível subir, em função das várias árvores com galhos grossos logo acima do rotor do helicóptero. É... Ele sabe voar. É um amigo leal,  grande profissional.

5 comentários:

  1. Adorei... Duas pessoas que semprr vou me lembrar com carinho !!!

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  2. Simplesmente fantástico!! O Comandante Diniz Caputo me proporcionou um passei de Helicóptero, no qual não esquecerei jamais!! Infelizmente, não mantivemos contato e hoje não tenho mais como falar com ele! :( Quero um dia poder encontrá-lo novamente!! OS dois estão de parabéns!!

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