domingo, 13 de setembro de 2015

Passar um pouco do pouco que a gente sabe

É muito bom conversar com a nova geração. Passar um pouco do pouco que a gente sabe. Alguns se interessam, querem aprender, ficam atentos como uma criança ouvindo contos. Perguntam, tiram dúvidas, questionam, interessam-se. Aí sim é prazerozo conversar. O papo vai longe. Mas os tempos mudaram. Há pilotos que saem da escola achando que sabem das coisas. Há pilotos que acham que um programa de computador é o suficiente para dirimir dúvidas, para aprimorar o voo. E a coisa não funciona assim.
Muitos pilotam; poucos voam. Pilotar é dar a partida, tirar a aeronave do chão e conduzi-la ao destino. Simples assim, por mais que não seja simples.
Voar é diferente. Muito diferente. Voar é sentir-se parte integrante da máquina. É saber cada detalhe do comportamento dela. É ler o painel de instrumento e perceber quando um parâmetro modificou, por menor que seja. É observar tudo à frente, aos lados, acima e abaixo; e conversar com ela.
É dar uns tapinhas no painel e dizer: Desculpa aí! quando o pouso não foi muito suave. Acontece às vezes. É sentir a aeronave na bunda, no corpo. Parece estranho, mas as sensações aerodinâmicas são sentidas assim.
Sem olharmos o instrumento "sentimos" se estamos ganhando altitude ou perdendo. Ou se estamos voando caranguejando, ou seja, meio de ladoi.
Voar é ver, de um outro ângulo, o que Deus criou e não cansar de admirar. E lá de cima, no comando de uma aeronave, sentir-se livre, tal qual um pássaro, no balé aéreo. Voar é não ter vontade de pousar. É esperar ansioso o dia do próximo voo. É sentir-se inquieto com os pés no chão. Eu penso assim. Sou assim. Entristece-me quando ouço de algum piloto que está de saco cheio de voar ou que não vê a hora de parar.
Não comento nada, claro! Mas penso. "Voar é a Segunda Melhor Coisa do Mundo".                         

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